domingo, 25 de janeiro de 2009

Mosaico

Fiapos nas unhas. Cérebro grunhindo em pedaços: arranho tudo, milimetricamente faço um amor só e depois destroço!

Palavras em vai e vem e sou habitada pelo ninguém. Muros altos; murros doídos na boca esquartejada: fecho os olhos. Sei que posso suportar mais – dor de menos – vontade demais... unhas em fiapos.

Noite cheia de luas, passo que o corpo segue só, em mim, ainda partiria tudo! Asfixiada por essa vermelhidão tua, jazida num corpo todo febril: a um passo da libertação!

Cortejo olhares ancestrais dos ares e tudo a mais que não posso tocar sem rasgar em pedaços. Desmoronar ou amassar como um punhado do meu papel.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Carrasco

       Vivo sem dormir. Vivo em mim: tempo cai em conta gotas – já sou um mar sem fim – e toda a estranheza de deixar-se inundar e não, ainda não, transbordar. Gira a inexatidão nas noites esbranquiçadas de olhos fechados e Duas bocas abertas.

       E depois, já que tudo sempre amanhece, dormito engolindo esses tempos, que gotejam sem fim.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Dor no Peito

         Esperança numa escuridão total: respiro. Inspiro, acendo a luz. Espero... assim quero: que num minuto só tudo isso passe, logo! Meu sangue é salgado e rola até não poder mais, depois do queixo; aconchego a mão no peito pra que não chegue mais pranto, acolho-me no canto em silêncio. Trago a luz, de olhos fechados. Apago: e já e duma vez... o mundo se desfaz em festim.

eat yourself

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Silêncio


       Prédios desabam em mim. Corrôo as paredes. Engulo todo o chão, esvazio as salas de estar, faço motim: incendeio andar por andar. Sei que num só passo, uma coisa destrói a outra e a eternidade é um grande vazio e disforme espelho de asas. Estou para ninguém. E tudo a favor. A eletricidade pungente liberta contra o resto do mundo: a destruição também constrói.