sexta-feira, 3 de abril de 2009

You turn me on and on

      Tenho a sensação que tento expurgá-la, como as outras fizeram comigo, como fiz com alguns, verdades em linha reta que sussurram nos meus ouvidos, com mil vozes e deliciosas perversões.

      O homem bem aqui, me instigando até o suspiro último, - este que não darei – com olhos verdes e enormes, cabelos de um castanho claro aloirado tão lindo, tão cerrado... e um redemoinho atrás. Não sei por que motivo ele me olha assim; se pregando atrás da minha retina, como um raio de sol, que ofuscará inúmeras coisas por incontáveis dias. Entreabrindo a boca enquanto sinto sua respiração desajustando a minha.

      Tento dissolver minha idéia e ideal ao máximo possível, para então, mínima, entender quais são estes tons que nos juntam, sem distanciar ou mover os meus. Quero ver distante, diante do que flui, como um rio que nunca tem a mesma água e nunca pára... e porque nos olhamos e enxergamos tanto, e tanto que em você está sempre escondido e cravado algo de mim mesma. No limiar da precariedade desse raciocínio, está sempre isso tudo me inundando, quase transbordando; expurgo no sentido de não caber mais sozinha... e talvez, eu, vacilante, tentando desenrolar o que há de mistério: unusual.

      Sinto uma eletricidade no ar, me rodopiando, girando em torno de si mesma e depois que toma agilidade suficiente; docilmente me eleva e perfura tudo em mim. Tenho um hálito brilhante saindo pela boca.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

transparência

         Mergulhada num mar profundo de sentidos; sensações que me fazem criar imagens e mentalmente friccioná-las, criando uma faísca que nunca parece ter fim, e de repente é como se um simples roçar me fizesse desabar por dentro, me auto-implodir; espécie de alívio, outras vezes não, pois preciso suavemente fechar os olhos e sentir com a ponta dos dedos tudo trepidando como sinto a cada vez que encosto numa tecla. E depois outra imagem-sensação, uma verdade absoluta pregada no céu da minha boca, numa boca que não parece ser só minha e num céu que parece ser infinito: algo sentindo fome da minha própria fome e ricocheteando meu coração com um pulsar que expande, tornando mais labiríntico e denso o caminho... dizer palavras atordoadas por um cheio sem perfume é mortal. Sinto em mim o tempo partindo e repartindo partículas mínimas de coisas que desconheço, há uma idéia por dentro de algo fenomenal que, só esse tempo inexato me inspira, um interstício que ninguém mais viveria além de mim e... Algo nascido no obscuro que cresce sussurrando, escorrendo por paredes secretas minhas e de outrem: uma verdade emudecida por intimidades.