segunda-feira, 13 de julho de 2009

Corpo Fechado

Me distraia o selim da bicicleta. Emoldurada por quatro paredes amarelo-beige, eu, displicentemente apostava comigo mesma. Surrava as pernas nos pedais e de minuto em minuto me fixava a idéia de que os quilômetros eram meramente figurativos. “No games. Just Sports.” – levantei trêmula, com as veias saltadas, fui direto ao bebedouro que jorrou em mim seu líquido como uma ejaculação precoce.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Bubble

Aqui não tenho destino; enxergo, ainda faminta, um pequeno cristal rompendo a penumbra daquelas noites tão ensurdecedoras. Desses dias moídos, o corpo gritando inutilmente, - um alento - a pedra ou a faca vertendo o céu em um prazer único, aquele que nunca virá. Recortes de construções, reformas paleozóicas, grandes passos contorcendo o corpo e chegando à Europa, distante... Noites próximas: na minha reconstrução, o que virá? Ouço o silêncio dos flashes, pequenas ondas quebrando na areia e o distender do joelho esquerdo, enquanto o direito jaz. Juntando sempre pedacinhos de papel, pois a palavra é sem destino, tanto quanto isto aqui, e a mão que conduz, e o corpo derretendo a cada instante quando "não" e ainda se precisa estar. Uma expansão ressonante, enquanto a menina densa encolhe seu corpo e acomoda seus cabelos sobre o travesseiro, o sol chega batendo nas plantas, chacoalhando as asas, engolindo o canto dos pássaros, destruindo a percepção de anteontem e estremecendo as pálpebras. A mão branca feito papel e recheada por um labirinto febril e nervoso que pulsa: a íris ainda é multicolor.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

quarta-feira, 1 de julho de 2009

1 de julho de 2009

Na concepção do sonho, eu via um homem, entrelaçando seu corpo a um bouquet.
Olhos de inseto: improviso o imprevisto enquanto o abuso cai em cima de mim como uma cruz de sucupira e roída por cupins. Oca, altíssima, bendita; onde eles instauram o caos lascivo e sem odor. Olho do alto da minha pequenez, cintilante e avermelhada, a grande estaca anunciando a chegada de mais uma vigorosa respiração, mais uma queda. A queda dos passos, enquanto o mundo ruge, desfaz num passo retorcido da dança em caixa de fósforos e cabeças de fogo. Estaco no eixo porque talvez o chão seja uma centrífuga, e pelos buracos sei que os olhos me comem inteira, bolinam tudo mais de baixo para cima ainda e giro anti-horário, batendo dentes, destravando maxilar, solto os ossos das carnes pois o pecado que a vida me cospe é maior: insaciável.
O que faço com as dobras e arestas que saem dos meus bolsos enquanto espero na saleta das mil salas? Porque me sujavam de memória infantil enquanto o tecido se desmanchava em cima do corpo, tomado por uma ducha de água sanitária? Digo a verdade que me rasga inteira e depois, num bocejo... vejo a escuridão bem no céu da boca, resplandecente, brilhosa e cheia de muco. Há vida nos passos por entre as poças que reluzem as bundas dos vaga-lumes e os postes, que vão se apagando, na medida em que avanço, e a sombra é mais sombra em cada esquina; num jorrar perfeito, sete faces, sete lados brancos que se esfumaçam perpendicularmente até chegarem ao céu.