segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Sobra o esvaziamento, vazio

   Percorro todos os ventos porque esses percorrem entre mim e tudo o que há. Dentre todas as coisas o que posso alcançar é o inalcançável e vou levando; percorrendo mínimos detalhes entre o chão e o ar. Estopim maldito que me alavanca e uma perna de cada vez, e uma na frente da outra e um gesto sensível e uma palavra assim, saindo pela boca sem que eu saiba: tudo acontece pelas madrugadas sinceras enquanto não sei viver e não percebo morrer.

   A música saindo de algum canto do quarto, passando pelas paredes, chegando aos ouvidos daquela que dança à voz da língua estrangeira que se conhece e se beija para que se absorva inteira e não se passe em branco nenhuma falha ou ruptura de entendimento; talvez este seja o método repentino e universal dos que engolem amor, e não podem, em hipótese alguma, perder um milésimo sequer de tudo isso que se respira, aspira e guarda: nos cofres.

   Aprendi, miticamente a acreditar no divino de todas essas coisas que transmutam entre os corpos alçados nos topos, torpores, e arranha-céus. E de maneira mais sã, e ainda assim crua, vivo discernindo o que é realmente cru de mim e o que é que agreguei dessa maneira tão rápida, porém, não efêmera: és amor segredado e puramente quente. Amor de línguas e fitas que saem pelo estômago, pela ponta dos mamilos e dedos que falam, falo-te assim: vou-te ao encontro, no cheiro, junto ao vento, transmitindo mensagens criptografadas – do meu jeito ensandecido e retórico, eu e tu entendemo-nos de maneira desentendida e falamos por códigos, meu oculto não veio das convenções formais, de grandes e grandes, doutrens. Somente dois, que somos nós – que correm a mil quilômetros por hora e por agora tudo basta!

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